12 de abril de 2015

ARTIGO | O curioso caso de Leon S. Kennedy e sua morte


Um dos personagens mais amados pelos fãs dos games Resident Evil é, sem dúvida, o agente Leon S. Kennedy. Sua história é basicamente a de um real sobrevivente.

No game Resident Evil 2, em 29 de setembro de 1998, Leon é enviado para a cidade Raccoon City, onde deveria começar seu trabalho como policial local - um membro do RPD (Raccoon Police Departament). Porém, uma epidemia se alastrou, transformando a população em mortos-vivos. Ele, então, se une à Claire Redfield para sobreviver ao horror que se alastra pela cidade. Agora, vamos desviar um pouco da sua história e partir para a de outra personagem.

No primeiro game da série, Jill Valentine, uma agente da S.T.A.R.S., é enviada junto a sua equipe até as Montanhas Arklay, localizadas nos arredores de Raccoon City, para investigar possíveis incidentes com terríveis assassinatos. A equipe, porém, testemunha a morte de alguns parceiros e refugia-se para a Mansão Spencer. Ao investigar o local, descobrem túneis e passagens secretas que levam à um laboratório subterrâneo, onde vírus eram testados. O resto da história os fãs já sabem, não é?

Depois de sobreviverem ao terror, Jill regressa à Raccoon City, ao contrário de toda a sua equipe, a fim de investigar onde se encontram os laboratórios da Umbrella Corporation. A policial, porém, se vê em um apocalipse, quando o T-Vírus é liberado na cidade, no dia 27 de setembro. Ela procura abrigo e se encontra com o seu colega de equipe, Brad, que afirma ter visto um monstro perseguindo os membros do S.T.A.R.S.. Ela, então, vai até o Centro de Polícia da cidade e vê seu parceiro sendo morto pelo citado Nemesis - que todos nós também conhecemos. Jill enfrenta o monstro e, no final, vê a cidade ser aniquilada por mísseis. Ela e seu parceiro Barry Burton acabam tornando-se membros de grupos anti-Umbrella, até o fechamento da empresa.

Mas por que falar sobre Jill Valentine em um artigo sobre Leon Kennedy? Bem, é uma maneira importantíssima de se introduzir o que viria a ser uma grande inspiração para o filme Resident Evil 2: Apocalipse. Se vocês notarem a ligação do incidente em Raccoon City com Leon Kennedy e Jill Valentine, entenderão que ambos sobreviveram ao ataque na mesma cidade, em perspectivas diferentes. Esse detalhe deve ter influenciado o roteirista Paul W.S. Anderson e seus produtores a criarem uma história juntando os personagens. Mas como isso foi feito? É aqui que temos o ponto central.

Na época da divulgação antes do lançamento do segundo filme, uma campanha viral foi lançada e páginas de um jornal revelavam um ponto importante na introdução de uma das personagens principais: Jill Valentine. No artigo, citava que a policial - membro do S.T.A.R.S. - fora afastada de seu cargo por uma provável depressão após a perda de seu parceiro, Leon S. Kennedy. Isso mesmo, você leu certo! Nos filmes, Leon era parceiro de Jill na sua equipe. A policial afirmava ter visto mortos caminhando e, por isso, foi desacreditada de suas intenções.


Cena de introdução de Jill Valentine (Sienna Guillory) em Resident Evil: Apocalipse (clique para ampliar)

O jornal, porém, não foi apenas uma peça de uma campanha - que talvez não tivesse ligação com a história central dos filmes. Na cena de introdução de Valentine, jornais em sua parede são focados nitidamente, e contam com a mesma matéria citada na campanha de divulgação. Então, aquilo está mesmo presente nos filmes e não fez parte apenas do marketing.

Então, nos filmes Leon era mesmo parceiro de Jill - ao contrário dos games - antes dos acontecimentos de Raccoon City. Isso significa que, ao contrário dos games, o incidente não fez de Leon o sobrevivente que ele se tornaria hoje. Até por que "ele está morto"! Certo? Bom, errado aos olhos de Anderson.

Em 2012, então, Leon Kennedy é apresentado pela "primeira vez" no quinto filme da franquia, Resident Evil: Retribuição. No enredo do filme, ele é um agente que acaba ajudando Wesker, o presidente da Umbrella Corporation, a tirar Alice da área de testes da corporação, que agora está sob o comando da inteligência artificial Rainha Vermelha. Jill Valentine retorna - desta vez controlada pela Rainha - a fim de capturar e interrogar Alice e quem estiver contra a corporação.

O curioso, na questão, é que Leon menciona sempre conhecer Ada Wong, uma espiã que também trabalha para Wesker (assim como nos games), mas não mostra empatia alguma ao ver Jill Valentine, o mesmo acontece com ela ao vê-lo. Isso significa que os produtores decidiram apenas esquecer o que contaram em Resident Evil: Apocalipse e seguir uma história diferente, ou Leon foi dado como morto erroneamente e os parceiros apenas não se lembraram um do outro?

Este foi mais um grande furo na história de Paul W.S. Anderson? Saberemos apenas com o lançamento do último filme da franquia, programado para 2016. A grande questão é saber como o criador da franquia nos cinemas vai lidar com esta história. Ele pode apenas esquecer esse fato ou adicionar esse elemento dramático no filme, para responder - ou não - a muitas dúvidas que ainda pairam no ar.
Curitibano, 21 anos. Administrador dos sites Cine 3D Brasil, Lara Croft Daily, Lorics Brasil e Resident Evil Space. Amante de filmes e literatura em geral.

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